E ela, Cinderela, que via o rosto agora refletido no lago sabia que ainda existia .
Então ela não era irreal, uma personagem de faz de conta.
Agora ela se via no reflexo do lago tão limpo e calmo. Tocava sua face lentamente examinando cada pedacinho do seu rosto.
Experimentou tocar nos seu acabelos agora soltos, reletiam ainda brilhantes com a luz do sol.
Ela gostava do que via mas não sabia ainda quem era essa nova mulher.
Não saoube quanto tempo passou olhando aquele novo rosto de carne e osso e de marcas do tempo.
Ao sair do antigo mundo, ela não tinha mas aquele rosto sem marcas e perfeito, agora seu rosto tinha marcas do tempo e da realidade, tinha a beleza de ser um rosto real.
Levantou-se vagarosamente e seguiu andando pelas margens do lago. Teimava ainda em olhar de soslaio não só para o rosto, agora podia ver seu novo corpo, sem o peso das anquinhas e da enorme saia.
Não parecia mas uma menina, agora ela era uma mulher. Sentia um misto de medo e orgulho. Sentia coragem para começar sendo diferente.
O tempo foi passando os seus pés andavam firmes em direção a cidade.
Era la que encontraria seu destino. Precisava chegar o quanto antes e começar uma nova vida . Uma vida real para uma mulher agora real.
Mas o que ela sabia fazer mesmo além de cuidar dos outros ?
Tinha que aprender a cuidar dela
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Cap 16
Julho
Foi um mês bacana, repleto de trabalho e novas descobertas,
Depois de passar tanto tempo em Fortaleza voltei para casa e foi bom demais.
Mas, comecei a sentir medo de voltar para Fortaleza.
Por que?
Ninguém sabe o turbilhão de mudanças que estão acontecendo dentro de mim.
De repente me aparece alguém que começa a me admirar e sinto uma sensação boa de ouvir que estou bonita, mas não sabe ele que isso ainda é muito estranho.
Meu corpo agoora livre de cinta se mostra com novos contornos.
É estou nova e estou gostando.
Viro Gilda e sinto desejos.
Como assim, eu que me achava morta?
Não, não estou morta ainda.
Mas preciso acreditar que não estou amarrada na sepultura dele.
O que é isso , como me livrar desse sentimento
Depois de todos esses meses de terapia tomei a decisão e me separei das minhas alianças de casamento...
Foi muito triste retirá-las mas sei que para minha cabeça isso se faz necessário.
É uma outra etapa que preciso construir com novos símbolos, novas histórias...
Olhei para aqueles dois aros finos de ouro que nos acompanharam por 31 anos e jaziam agora numa pequena caixa de veludo.
Fechei a caixinha e sabia intimamente que ali eu estava fechando todos os sonhos que acalentávamos ainda realizar juntos.
Nesse dia chorei copiosamente escondida no meu closet abraçada com a pequena caixa e a minha imensa dor
Foi um mês bacana, repleto de trabalho e novas descobertas,
Depois de passar tanto tempo em Fortaleza voltei para casa e foi bom demais.
Mas, comecei a sentir medo de voltar para Fortaleza.
Por que?
Ninguém sabe o turbilhão de mudanças que estão acontecendo dentro de mim.
De repente me aparece alguém que começa a me admirar e sinto uma sensação boa de ouvir que estou bonita, mas não sabe ele que isso ainda é muito estranho.
Meu corpo agoora livre de cinta se mostra com novos contornos.
É estou nova e estou gostando.
Viro Gilda e sinto desejos.
Como assim, eu que me achava morta?
Não, não estou morta ainda.
Mas preciso acreditar que não estou amarrada na sepultura dele.
O que é isso , como me livrar desse sentimento
Depois de todos esses meses de terapia tomei a decisão e me separei das minhas alianças de casamento...
Foi muito triste retirá-las mas sei que para minha cabeça isso se faz necessário.
É uma outra etapa que preciso construir com novos símbolos, novas histórias...
Olhei para aqueles dois aros finos de ouro que nos acompanharam por 31 anos e jaziam agora numa pequena caixa de veludo.
Fechei a caixinha e sabia intimamente que ali eu estava fechando todos os sonhos que acalentávamos ainda realizar juntos.
Nesse dia chorei copiosamente escondida no meu closet abraçada com a pequena caixa e a minha imensa dor
Cap 14
Junho
Enfim chegou a data que pensei que não ia alcançar.... E estou plena por ter vencido dias tão tristes.
Estou uma mulher em formação
Recebi uma proposta paa voltar a ser consultora de Recursos Humanos em Fortaleza desde o final o mês passado...Voltei para a missa de um ano de falecimento do meu marido, mas graças a Deus no dia seguinte voltei para trabalhar...
Foram 22 dias de muita luta , entrevistas e um cenário empresarial se definindo em minha frente.
Morei esses dias todos com meu querido irmão, mas vi que não estou num bom momento para participar da vida de outras pessoa, me envolver com problemas pessoais
Estou me reconstruindo.
Por fora estou parecendo mais forte, mas por dentro ainda estou muito desconhecida.
Preciso entender quem sou agora.
A cinta e a prótese da barriga me deixm com um corpo ainda sem formas.
Quando vou tomar banho olho para aquele novo corpo, não o reconheço ainda como meu, por isso olho bem pouco...
Preciso me acostumar com ele
Saí com meus amigos de científico e minhas amigas de ginásio...Foram contatos muito importantes, parece que estou entrando num túnel do tempo.
Não sei bem o que está acontecendo em minha vida, mas acho que é bom
Enfim chegou a data que pensei que não ia alcançar.... E estou plena por ter vencido dias tão tristes.
Estou uma mulher em formação
Recebi uma proposta paa voltar a ser consultora de Recursos Humanos em Fortaleza desde o final o mês passado...Voltei para a missa de um ano de falecimento do meu marido, mas graças a Deus no dia seguinte voltei para trabalhar...
Foram 22 dias de muita luta , entrevistas e um cenário empresarial se definindo em minha frente.
Morei esses dias todos com meu querido irmão, mas vi que não estou num bom momento para participar da vida de outras pessoa, me envolver com problemas pessoais
Estou me reconstruindo.
Por fora estou parecendo mais forte, mas por dentro ainda estou muito desconhecida.
Preciso entender quem sou agora.
A cinta e a prótese da barriga me deixm com um corpo ainda sem formas.
Quando vou tomar banho olho para aquele novo corpo, não o reconheço ainda como meu, por isso olho bem pouco...
Preciso me acostumar com ele
Saí com meus amigos de científico e minhas amigas de ginásio...Foram contatos muito importantes, parece que estou entrando num túnel do tempo.
Não sei bem o que está acontecendo em minha vida, mas acho que é bom
Cap 12
Maio de 2009
Tantas coisas aconteceram nesse mês . A recuperação da minha cirurgia foi rápida e muito boa porém meu astral que estava ótimo, foi decaindo devido a recuperação que me obrigou ficar deitada em repouso completo.
Hoje sai dirigindo pela primeira vez depois de 40 dias de operada.
Foi bom ter domínio para onde ir escolhendo lugares parando, olhando e sentindo esse mundo que também é meu. Tive que fazer um esforço sobre humano uma vez que estou triste.
Há dias que toda a dor volta ,dias que me sinto deixada de lado por Deus, dias que não entendo porque meu marido foi ao invés de mim.
Penso como a vida mudaria pouco e teria menos preocupações se ele tivesse ficado.
Há dias em que a vida me parece um abismo inexpugnável...
Mas sei que isso é por pouco tempo logo depois revivo, saio da sombra e consigo ficar diante do calor do sol.
Há dias em que fico triste pela desumanidade desses que se dizem seres humanos, cheios de tolos preconceitos e sei que a minha dor é tão pequena diante de outras dores sociais tão maiores...
Há dias em que preciso ser maior que todas essas dores e me levantar e recomeçar...
Há tanto pra recomeçar.
Há tanto para me reinventar
Tantas coisas aconteceram nesse mês . A recuperação da minha cirurgia foi rápida e muito boa porém meu astral que estava ótimo, foi decaindo devido a recuperação que me obrigou ficar deitada em repouso completo.
Hoje sai dirigindo pela primeira vez depois de 40 dias de operada.
Foi bom ter domínio para onde ir escolhendo lugares parando, olhando e sentindo esse mundo que também é meu. Tive que fazer um esforço sobre humano uma vez que estou triste.
Há dias que toda a dor volta ,dias que me sinto deixada de lado por Deus, dias que não entendo porque meu marido foi ao invés de mim.
Penso como a vida mudaria pouco e teria menos preocupações se ele tivesse ficado.
Há dias em que a vida me parece um abismo inexpugnável...
Mas sei que isso é por pouco tempo logo depois revivo, saio da sombra e consigo ficar diante do calor do sol.
Há dias em que fico triste pela desumanidade desses que se dizem seres humanos, cheios de tolos preconceitos e sei que a minha dor é tão pequena diante de outras dores sociais tão maiores...
Há dias em que preciso ser maior que todas essas dores e me levantar e recomeçar...
Há tanto pra recomeçar.
Há tanto para me reinventar
Cap 11
Abril
Estou entrando esse mês diferente, mais confiante...
Parece que a dor está perdendo a intensidade em seu lugar vem chegando uma sensação de saudade mais calma
As aulas de dança, as novas amizades com outras viúvas, as leituras sobre a morte e a viuvez vem me ajudado.
Me sinto amadurecendo me tornando uma nova pessoa ...Já percebo uma luz no fim do túnel e uma vontade de voltar para o mercado de trabalho.
Estou bem mais forte.
Viajei, fiz uma plástica e brinco dizendo que virei uma Barbie.
A recuperação tem sido ótima contei com a amizade e o carinho de muita gente
Hoje eu estou assim repleta de coisas pra escrever, talvez essa seja uma grande terapia.
Escrever pra que????? Sabe – se lá !!!
Hoje a saudade está imensa, terminei de ler o livro “Para Francisco “ da Cristiana Guerra. Já somos amigas de infância, sem nos conhecermos, mas entendo pois vivi a mesma dor e isso de certa forma criou um laço de amizade.
Lembro de como conheci meu marido sempre atleta...
Arrasava na praia jogando frescobol lá na praia do Náutico em Fortaleza naquele julho de 1974.
O corpo atlético disfarçava a pequena estatura. Seu bronzeado era perfeito.
Chegava trazendo uma raquete de frescobol e mal pisava na areia da praia, já aparecia dezenas de parceiros e assim, ele ficava a manhã quase completa a jogar e dar show pegando as bolas mais impossíveis e jogando contra dois adversários ao mesmo tempo.
Não sei se podemos chamar os jogadores de frescobol de adversários pois, na verdade, ambos tem o mesmo objetivo não deixar a bola cair. O contrário do tênis que os jogadores torcem para que o outro jogador não consiga pegar a bola.
Inicio e fim do Betinho
Início no frescoble e final no tênis, o que restou de um amor que começou na alegria da praia terminava na quadra de saibro, o que havia sido uma grande paixão.
Quando cheguei ao clube só consegui ver os pés ainda calçados e quietos...
Lembrei do Airton Senna no dia da sua morte.
Desde que eu havia sido avisada por um amigo, enquanto o esperava em casa, que ele havia se sentido mal uma coisa apertou meu coração, uma coisa me dizia que me preparasse...
Chamei minha cunhada que há seis anos havia passado por um momento igual, que me acompanhasse , tinha medo de ir só.
No meio do caminho tive a certeza quando perguntei se ele havia melhorado e meu amigo me disse que eu tinha que ser forte.
Aquela frase é meio clichê quando vamos dar uma notícia de morte...
Por que precisamos ser forte????
Precisamos é não ter medo de vermos o quanto ficamos fragilizados com uma situação dessa tão devastadora.
Quando cheguei para o mais terrível e derradeiro encontro com o que tinha sido o meu grande amor, as pessoas me olhavam como se eu fosse um espectro de morte, me pediram que eu não me aproximasse para que os médicos pudessem trabalhar para salva-lo...
Olhei ele de longe e extranhamente não o vi mais, era um corpo caído no chão mas não era mais o meu amor.
Balbuciei pra mim mesma
– Bem volta pra mim por favor, volta
O corpo não mexia e tive certeza que ali não havia mais nada.
Se fez um silêncio enorme em minha volta, eu via as pessoas falando mas eu não conseguia ouvir, era como se eu tivesse num sonho.
As vezes eu falava mas não lembro o que, eu estava presa numa bolha de silêncio e confusão.
De repente eu já estava em casa e procurava uma roupa para ele vestir me vi preocupada em combinar terno camisa e gravata, como o preparava para qualquer festa .
Ele não tinha a menor paciência de escolher roupa para nada.
Eu guardava suas roupas no closet separadas por cores, que representavam os anjos da semana ele achava o máximo, pois já ia no automático, assim ele me dizia;
No almoço daquela terça feira ele estava tão sério, mas ele estava assim desde a sexta feira anterior e sempre que eu perguntava a resposta era a mesma
-É impressão sua , eu não tenho nada
Naquela terça feira eu deixei de comparecer ao almoço do Rotary porque algo me dizia que deveria almoçar com ele.
Às três horas da tarde ele me ligou para me dar uma notícia sobre o sucesso de uma prova de nossa filha lembro do final da ligação palavra por palavra..
- E ai agora vc está mais calminha?
- É agora estou, obrigada bem...Te amo pra sempre viu
-Eu também, beijo - Foram suas últimas três palavras para mim.
Posteriormente quando eu ainda na fase da raiva me revoltava, porque não tinha podido me despedir dele, me lembrei dessa ligação.
Quando eu dizia para ele da infinitude do meu amor e ele me dava a mesma certeza...
Quantas pessoas tinham tido essa chance
As lembranças as vezes podem doer mas as vezes também curam as feridas
Lembro da nossa última viagem – um cruzeiro pela Patagônia a bordo do Star Princess
Estou entrando esse mês diferente, mais confiante...
Parece que a dor está perdendo a intensidade em seu lugar vem chegando uma sensação de saudade mais calma
As aulas de dança, as novas amizades com outras viúvas, as leituras sobre a morte e a viuvez vem me ajudado.
Me sinto amadurecendo me tornando uma nova pessoa ...Já percebo uma luz no fim do túnel e uma vontade de voltar para o mercado de trabalho.
Estou bem mais forte.
Viajei, fiz uma plástica e brinco dizendo que virei uma Barbie.
A recuperação tem sido ótima contei com a amizade e o carinho de muita gente
Hoje eu estou assim repleta de coisas pra escrever, talvez essa seja uma grande terapia.
Escrever pra que????? Sabe – se lá !!!
Hoje a saudade está imensa, terminei de ler o livro “Para Francisco “ da Cristiana Guerra. Já somos amigas de infância, sem nos conhecermos, mas entendo pois vivi a mesma dor e isso de certa forma criou um laço de amizade.
Lembro de como conheci meu marido sempre atleta...
Arrasava na praia jogando frescobol lá na praia do Náutico em Fortaleza naquele julho de 1974.
O corpo atlético disfarçava a pequena estatura. Seu bronzeado era perfeito.
Chegava trazendo uma raquete de frescobol e mal pisava na areia da praia, já aparecia dezenas de parceiros e assim, ele ficava a manhã quase completa a jogar e dar show pegando as bolas mais impossíveis e jogando contra dois adversários ao mesmo tempo.
Não sei se podemos chamar os jogadores de frescobol de adversários pois, na verdade, ambos tem o mesmo objetivo não deixar a bola cair. O contrário do tênis que os jogadores torcem para que o outro jogador não consiga pegar a bola.
Inicio e fim do Betinho
Início no frescoble e final no tênis, o que restou de um amor que começou na alegria da praia terminava na quadra de saibro, o que havia sido uma grande paixão.
Quando cheguei ao clube só consegui ver os pés ainda calçados e quietos...
Lembrei do Airton Senna no dia da sua morte.
Desde que eu havia sido avisada por um amigo, enquanto o esperava em casa, que ele havia se sentido mal uma coisa apertou meu coração, uma coisa me dizia que me preparasse...
Chamei minha cunhada que há seis anos havia passado por um momento igual, que me acompanhasse , tinha medo de ir só.
No meio do caminho tive a certeza quando perguntei se ele havia melhorado e meu amigo me disse que eu tinha que ser forte.
Aquela frase é meio clichê quando vamos dar uma notícia de morte...
Por que precisamos ser forte????
Precisamos é não ter medo de vermos o quanto ficamos fragilizados com uma situação dessa tão devastadora.
Quando cheguei para o mais terrível e derradeiro encontro com o que tinha sido o meu grande amor, as pessoas me olhavam como se eu fosse um espectro de morte, me pediram que eu não me aproximasse para que os médicos pudessem trabalhar para salva-lo...
Olhei ele de longe e extranhamente não o vi mais, era um corpo caído no chão mas não era mais o meu amor.
Balbuciei pra mim mesma
– Bem volta pra mim por favor, volta
O corpo não mexia e tive certeza que ali não havia mais nada.
Se fez um silêncio enorme em minha volta, eu via as pessoas falando mas eu não conseguia ouvir, era como se eu tivesse num sonho.
As vezes eu falava mas não lembro o que, eu estava presa numa bolha de silêncio e confusão.
De repente eu já estava em casa e procurava uma roupa para ele vestir me vi preocupada em combinar terno camisa e gravata, como o preparava para qualquer festa .
Ele não tinha a menor paciência de escolher roupa para nada.
Eu guardava suas roupas no closet separadas por cores, que representavam os anjos da semana ele achava o máximo, pois já ia no automático, assim ele me dizia;
No almoço daquela terça feira ele estava tão sério, mas ele estava assim desde a sexta feira anterior e sempre que eu perguntava a resposta era a mesma
-É impressão sua , eu não tenho nada
Naquela terça feira eu deixei de comparecer ao almoço do Rotary porque algo me dizia que deveria almoçar com ele.
Às três horas da tarde ele me ligou para me dar uma notícia sobre o sucesso de uma prova de nossa filha lembro do final da ligação palavra por palavra..
- E ai agora vc está mais calminha?
- É agora estou, obrigada bem...Te amo pra sempre viu
-Eu também, beijo - Foram suas últimas três palavras para mim.
Posteriormente quando eu ainda na fase da raiva me revoltava, porque não tinha podido me despedir dele, me lembrei dessa ligação.
Quando eu dizia para ele da infinitude do meu amor e ele me dava a mesma certeza...
Quantas pessoas tinham tido essa chance
As lembranças as vezes podem doer mas as vezes também curam as feridas
Lembro da nossa última viagem – um cruzeiro pela Patagônia a bordo do Star Princess
Cap 10
Cinderela começou a andar vagarosamente pelo caminho sinuoso que se apresentava diante dela.
Tudo era tão diferente do tão brilhante e limpo Reino do Faz de conta...
O calor era sufocante a a roupa lhe dificultava os passos. Era tudo tão pesado
Precisava se desvencilhar daquelas roupas todas, era um outro momento. Ela não era mais princesa. Não precisava de tanta pompa e circunstância.
A vida agora poderia ser bem mais simples.
A sua frente, a dúvida do futuro...
Por isso ela se apoiava só no presente, em cada passo que dava.
Estava pensando assim quando tropeçou e saiu rolando pela ribanceira. Quando parou olhou seus trajes em frangalhos. Puxou o resto da saia armada e viu que o que sobrara lhe cobria o suficiente para chegar ao lugarejo o qual estava se dirigindo.
Sentou, analisou os arranhoes e como ainda estava perto da água do rio ela lavou cuidadosamente cada um fazendo caretas, porque ardiam.
- Primeira lição...Olhar onde coloco meu pé ! E sorriu alegremente apesar das raladoras e ardores.
A vida tinha que ser mais leve - Ela pensou
Tudo era tão diferente do tão brilhante e limpo Reino do Faz de conta...
O calor era sufocante a a roupa lhe dificultava os passos. Era tudo tão pesado
Precisava se desvencilhar daquelas roupas todas, era um outro momento. Ela não era mais princesa. Não precisava de tanta pompa e circunstância.
A vida agora poderia ser bem mais simples.
A sua frente, a dúvida do futuro...
Por isso ela se apoiava só no presente, em cada passo que dava.
Estava pensando assim quando tropeçou e saiu rolando pela ribanceira. Quando parou olhou seus trajes em frangalhos. Puxou o resto da saia armada e viu que o que sobrara lhe cobria o suficiente para chegar ao lugarejo o qual estava se dirigindo.
Sentou, analisou os arranhoes e como ainda estava perto da água do rio ela lavou cuidadosamente cada um fazendo caretas, porque ardiam.
- Primeira lição...Olhar onde coloco meu pé ! E sorriu alegremente apesar das raladoras e ardores.
A vida tinha que ser mais leve - Ela pensou
Cap 9
Março
Nove meses, estou querendo saber quem sou eu...
Passei tanto tempo cuidando de alguém que não percebi quem eu era...
Cabeça vazia morada do demônio, essa frase me perseguiu durante toda a minha infância e adolescência.
Nunca tive a oportunidade de ficar “fazendo nada”, sempre eu tinha que fazer algo como se fosse para justificar minha presença.
Atravessei os últimos dias de forma difícil.
Passei o carnaval sozinha e como foi difícil...
Recebi convites de amigas mas para locais onde haveria festas de momo, mas eu não estava muito pronta para viver.
A solidão que se seguiu foi terrivelmente libertadora.
Sofri tive pena de mim. Fui para o fundo do poço e aprendi que tenho que renascer.
Renascer como uma pessoa, dessas que nunca conheci
Preciso saber quem é essa pessoa, para então cuida-la
As vezes me assusto com essa vida de novas possibilidades. Me assusto, tenho medo mesmo.
Neste mês eu fundei uma confraria para mulheres viúvas e organizei eventos, acho que vai dar certo...
Nove meses, estou querendo saber quem sou eu...
Passei tanto tempo cuidando de alguém que não percebi quem eu era...
Cabeça vazia morada do demônio, essa frase me perseguiu durante toda a minha infância e adolescência.
Nunca tive a oportunidade de ficar “fazendo nada”, sempre eu tinha que fazer algo como se fosse para justificar minha presença.
Atravessei os últimos dias de forma difícil.
Passei o carnaval sozinha e como foi difícil...
Recebi convites de amigas mas para locais onde haveria festas de momo, mas eu não estava muito pronta para viver.
A solidão que se seguiu foi terrivelmente libertadora.
Sofri tive pena de mim. Fui para o fundo do poço e aprendi que tenho que renascer.
Renascer como uma pessoa, dessas que nunca conheci
Preciso saber quem é essa pessoa, para então cuida-la
As vezes me assusto com essa vida de novas possibilidades. Me assusto, tenho medo mesmo.
Neste mês eu fundei uma confraria para mulheres viúvas e organizei eventos, acho que vai dar certo...
cap 7
JANEIRO 2009
Voltei para casa, estou feliz porque minhas feridas da perna finalmente cicatrizaram só restam as cicatrizes que lembram os maus momentos.
As feridas passaram a ser o termômetro da minha alma.
Estou em período de cicatrização.
Ainda estou muito gorda e minha autoestima ainda não está legal.
Sinto que a aceitação está começando achegar
Voltei para casa, estou feliz porque minhas feridas da perna finalmente cicatrizaram só restam as cicatrizes que lembram os maus momentos.
As feridas passaram a ser o termômetro da minha alma.
Estou em período de cicatrização.
Ainda estou muito gorda e minha autoestima ainda não está legal.
Sinto que a aceitação está começando achegar
Cap 6
Dezembro 2008
Esse mês foi muito difícil.
Fiquei muito triste pois minha família não viu necessidade de ficar junta no Natal e por puro orgulho não pedi que ficassem perto de mim.
Estava precisando tanto de ser cuidada, precisava dos ritos, de família reunida de árvore de Natal, para não sentir tanto abandono.
Acho que se eu fosse mais verdadeira no que estava sentindo sofreria menos...
Não é que ninguém quisesse ficar comigo, é porque não sabiam o que fazer.
Faltou comunicação.
Acho que poderia ter tornado tudo mais fácil mas preferi o caminho mais difícil e me vitimizei...Resolvi viajar para ver se sentiam a solidão que eu estava sentindo, que coisa mais louca !
Viajei com uma sensação de orfandade mas com uma companhia muito especial.
Seguindo o conselho de minha psicóloga resolvi convidar minha irmã para ir comigo e ela transformou o que seria uma viagem melancólica, numa profusão de risadas e encantamento. Não me divertia assim há muitos meses.
Esse mês foi muito difícil.
Fiquei muito triste pois minha família não viu necessidade de ficar junta no Natal e por puro orgulho não pedi que ficassem perto de mim.
Estava precisando tanto de ser cuidada, precisava dos ritos, de família reunida de árvore de Natal, para não sentir tanto abandono.
Acho que se eu fosse mais verdadeira no que estava sentindo sofreria menos...
Não é que ninguém quisesse ficar comigo, é porque não sabiam o que fazer.
Faltou comunicação.
Acho que poderia ter tornado tudo mais fácil mas preferi o caminho mais difícil e me vitimizei...Resolvi viajar para ver se sentiam a solidão que eu estava sentindo, que coisa mais louca !
Viajei com uma sensação de orfandade mas com uma companhia muito especial.
Seguindo o conselho de minha psicóloga resolvi convidar minha irmã para ir comigo e ela transformou o que seria uma viagem melancólica, numa profusão de risadas e encantamento. Não me divertia assim há muitos meses.
cap 5
Cinderela havia aberto os pesados portões e eles rangiram pelo peso e por tantos anos fechados.
Virou-se porque ainda pensava em ver alguém que pudesse se despedir...Talvez imaginasse que alguem da Terra do Faz de Conta insistisse para que ficasse...
Por trás da janelas fechadas ela quase podia enxergar os olhos cheios de mêdo das frágeis princesinhas.
Respirou fundo e continuou.
Nem sabia ao certo onde ia parar mas ouvira falar do pantano e da floresta, dos mistérios de bruxas.
Sabia que o medo existia mas ele não iria faze-la desistir de conhecer sua nova possibilidade.
Ela precisava encontrar um novo lugar onde pudesse ser dona do seu destino.
Quando os portões mágicos fecharam Cinderela sentiu que o sol lhe machucava a pele alva, sentia calor precisava se desvencilhar do peso que carregava no imenso vestido azul
Virou-se porque ainda pensava em ver alguém que pudesse se despedir...Talvez imaginasse que alguem da Terra do Faz de Conta insistisse para que ficasse...
Por trás da janelas fechadas ela quase podia enxergar os olhos cheios de mêdo das frágeis princesinhas.
Respirou fundo e continuou.
Nem sabia ao certo onde ia parar mas ouvira falar do pantano e da floresta, dos mistérios de bruxas.
Sabia que o medo existia mas ele não iria faze-la desistir de conhecer sua nova possibilidade.
Ela precisava encontrar um novo lugar onde pudesse ser dona do seu destino.
Quando os portões mágicos fecharam Cinderela sentiu que o sol lhe machucava a pele alva, sentia calor precisava se desvencilhar do peso que carregava no imenso vestido azul
Cap 4
A morte súbita arrasa todos que estão em volta do evento: Companheiros, familiares amigos e até quem, sequer conhece o morto, mas soube do fato.
Vencer os dias e meses que se seguem, a um evento dessa monta, requer muita coragem para falar e fazer de verdade, o que quer, força para entender a dor e acima de tudo muita fé.
Eu sou desse tipo de pessoas que não faz o que tem vontade. Sou uma prisioneira da imagem do “politicamente correto”, assim em nome do que faria uma boa esposa e mãe, minimizei o valor das emoções ,travei o choro e aparentei uma fortaleza que absolutamente não tinha. Foi por não saber que lutar contra o luto é um desastre igual ou maior ao de perder quem se ama, que adoeci a alma.
Tenho passado dias confusos que vão desde a tranqüilidade e segurança a uma tempestade furiosa de dores. Se um dia estou no chão outros estou no subsolo do inferno.
Quando retorno venho cheia de medos e limitações. Tenho receio de cair, e preciso me apoiar em paredes e corrimãos. O mundo as vezes fica demasiado grande outras extremamente pequeno e sufocante.
A falta do abraço de apoiar a cabeça no ombro do companheiro que se foi as vezes é tão dramaticamente grande que por vezes fico tonta. Ainda , creiam após cinco meses, me engano como se ainda estivesse fazendo parte de um pesadelo que teima em não acabar.
Vencer os dias e meses que se seguem, a um evento dessa monta, requer muita coragem para falar e fazer de verdade, o que quer, força para entender a dor e acima de tudo muita fé.
Eu sou desse tipo de pessoas que não faz o que tem vontade. Sou uma prisioneira da imagem do “politicamente correto”, assim em nome do que faria uma boa esposa e mãe, minimizei o valor das emoções ,travei o choro e aparentei uma fortaleza que absolutamente não tinha. Foi por não saber que lutar contra o luto é um desastre igual ou maior ao de perder quem se ama, que adoeci a alma.
Tenho passado dias confusos que vão desde a tranqüilidade e segurança a uma tempestade furiosa de dores. Se um dia estou no chão outros estou no subsolo do inferno.
Quando retorno venho cheia de medos e limitações. Tenho receio de cair, e preciso me apoiar em paredes e corrimãos. O mundo as vezes fica demasiado grande outras extremamente pequeno e sufocante.
A falta do abraço de apoiar a cabeça no ombro do companheiro que se foi as vezes é tão dramaticamente grande que por vezes fico tonta. Ainda , creiam após cinco meses, me engano como se ainda estivesse fazendo parte de um pesadelo que teima em não acabar.
Cap 3
Hoje depois de quatro meses do falecimento de meu marido ,resolvo escrever sobre esta tsunami que se arremessou sobre a vida de minha família.
Resolvi escrever como uma forma de explodir tudo que está dentro de mim.
Muitas coisas me incomodam do tipo:ele morreu feliz fazendo o que gostava e por que ele pediu para não morrer...pediu ajuda para que o não deixassem morrer.???
Sinto uma sensação de impotência e de raiva.
Raiva dele que não pensou em mim, em nós,na família quando foi jogar naquele dia em que já havia se sentido mal pela manhã.
Olho para minha perna as chagas continuam enormes e ninguém consegue diminuí-las...
Sofro me revolto contra tudo...
Pergunto a Deus porque tenho que carregar essas chagas.
Minha perna dói o tanto, que dói meu coração
Me pego desejando que as pessoas, os médicos pudessem sentir a minha dor...Impossível.
Estou tão vulnerável e ainda não consigo chorar o que eu gostaria..
As pessoas falam que eu seja forte, que tudo vai passar.
Mas acho que tenho medo que tudo passe, que as lembranças desapareçam, que o rosto dele se apague..
Resolvi escrever como uma forma de explodir tudo que está dentro de mim.
Muitas coisas me incomodam do tipo:ele morreu feliz fazendo o que gostava e por que ele pediu para não morrer...pediu ajuda para que o não deixassem morrer.???
Sinto uma sensação de impotência e de raiva.
Raiva dele que não pensou em mim, em nós,na família quando foi jogar naquele dia em que já havia se sentido mal pela manhã.
Olho para minha perna as chagas continuam enormes e ninguém consegue diminuí-las...
Sofro me revolto contra tudo...
Pergunto a Deus porque tenho que carregar essas chagas.
Minha perna dói o tanto, que dói meu coração
Me pego desejando que as pessoas, os médicos pudessem sentir a minha dor...Impossível.
Estou tão vulnerável e ainda não consigo chorar o que eu gostaria..
As pessoas falam que eu seja forte, que tudo vai passar.
Mas acho que tenho medo que tudo passe, que as lembranças desapareçam, que o rosto dele se apague..
Cap 2
Estava acostumada a ser alegre organizar eventos e ser requisitada por sua animação. ]
Agora restava a solidão que seu amado príncipe deixara...
Não sorria mais e isso certamente lhe fazia mal.
Ponderou se aquilo não era mais uma armadilha da sua madrasta e suas irmãs malvadas... Poderia ser algum feitiço das inúmeras bruxas que por ali viviam para azucrinar as doces cabecinhas coroadas ???
Cinderela estava provando momentos que nunca imaginara passar e ai, tomou uma decisão : Iria aos Portões Mágicos e então decidiria se iria permanecer na Terra Encantada ou provar o outro lado desconhecido. Sabia que para isso teria que modificar todo o seu plano de vida, adaptar-se para o Mundo Real onde nada era infinito...
Estaria pronta para isso ?
Sabia que tinha que tomar essa decisão e como não era de procrastinar decidiu que começaria sua viagem para àquele lugar que ultrapassara com seu príncipe no dia mais feliz de sua vida.
O dia em que se sentira livre pela primeira vez.
Havia até gravado àquele dia e mês na chave do seu castelo ( o ano não importava naquele lugar de infinitude)
Por uma ironia do destino as datas se embaralharam na chave, sabe-se lá porque e assim ao tentar entrar no castelo seu príncipe não sobreviveu ao malvado encanto...
Agora estava Cinderela refém outra vez...
Precisava encontrar um meio de se libertar novamente
Agora precisava caminhar sozinha ao início de tudo, tinha uma certa tranqüilidade que mesmo transpondo os Portões Mágicos muitos fantasmas que outrora lhe amedrontavam já haviam sido levados pela Senhora Morte.
Como seria então sua vida afinal nesse mundo complexo e real.
Uma coisa ela tinha certeza teria de contar com sua força e determinação e pela primeira vez, desde sempre, tentaria se agradar em primeiro lugar. Seria generosa consigo mesma. Só assim poderia enxergar suas próprias limitações.
Agora restava a solidão que seu amado príncipe deixara...
Não sorria mais e isso certamente lhe fazia mal.
Ponderou se aquilo não era mais uma armadilha da sua madrasta e suas irmãs malvadas... Poderia ser algum feitiço das inúmeras bruxas que por ali viviam para azucrinar as doces cabecinhas coroadas ???
Cinderela estava provando momentos que nunca imaginara passar e ai, tomou uma decisão : Iria aos Portões Mágicos e então decidiria se iria permanecer na Terra Encantada ou provar o outro lado desconhecido. Sabia que para isso teria que modificar todo o seu plano de vida, adaptar-se para o Mundo Real onde nada era infinito...
Estaria pronta para isso ?
Sabia que tinha que tomar essa decisão e como não era de procrastinar decidiu que começaria sua viagem para àquele lugar que ultrapassara com seu príncipe no dia mais feliz de sua vida.
O dia em que se sentira livre pela primeira vez.
Havia até gravado àquele dia e mês na chave do seu castelo ( o ano não importava naquele lugar de infinitude)
Por uma ironia do destino as datas se embaralharam na chave, sabe-se lá porque e assim ao tentar entrar no castelo seu príncipe não sobreviveu ao malvado encanto...
Agora estava Cinderela refém outra vez...
Precisava encontrar um meio de se libertar novamente
Agora precisava caminhar sozinha ao início de tudo, tinha uma certa tranqüilidade que mesmo transpondo os Portões Mágicos muitos fantasmas que outrora lhe amedrontavam já haviam sido levados pela Senhora Morte.
Como seria então sua vida afinal nesse mundo complexo e real.
Uma coisa ela tinha certeza teria de contar com sua força e determinação e pela primeira vez, desde sempre, tentaria se agradar em primeiro lugar. Seria generosa consigo mesma. Só assim poderia enxergar suas próprias limitações.
Cap 1
Cinderela era tão feliz durante a sua vida “para sempre...”
Não havia conseguido gerar filhos até porque poderia perder o príncipe.
Havia um acordo tácito entre elas (princesas de contos de fadas) que não podiam perder aquele corpinho lépido e fagueiro que podia proporcionar saltos e pulinhos enquanto cantavam.
Mas gerar filhos significava crescer e abandonar a Terra Encantada onde os sonhos se tornavam realidade e ela de tão pobre que havia sido em sua infância e juventude tinha que conhecer todos os cantinhos dessa terra da fantasia.
Branca de Neve , a mais maternal ,havia pensado em transgredir o acordo mas, o clamor da mídia falou mais alto e ela exercitou sua maternagem com os sete anões mesmo...Bom para ela, afinal eles não cresceriam nunca e dependentes que eram ficariam subservientes àquela coisa do para sempre...
O que Cindy não contava era com sua viuvez...
Afinal o lema era “felizes para sempre” e agora...
Lá estava ela no quarto enorme do castelo, sem forças para continuar a história. Acreditara num mundo surreal, infinito e agora, chegava a um momento que ninguém falara. Até já ouvira conversas sobre a senhora Morte, mas como ela se aproximava e o que deixava como herança, era conversa proibida no mundo do Para Sempre...
A senhora Morte era para vilões nunca para príncipes e princesas boazinhas.
Por isso, que ao acordar nesses amargos dias, Cinderela procurava em vão o alívio que sentira quando do desaparecimento dessas personagens do mal e só o que sentia, era uma dor profunda em seu coração...
Ela estava sendo apresentada à um sentimento dolorido de nome saudade.
Seu castelo antes branco e dourado havia se tingido de cinza chumbo, não havia mais estrelinhas que brilhavam ressaltando as luminosas torres, agora pretas. Jogada em uma poltrona de seu quarto, Cindy olhava em volta e tudo parecia muito lúgubre e ela não tinha forças para sair.
As pessoas passavam por ela, quando saia, e lhe faziam agrados, presenteavam-na com mensagens de conforto mas ela sabia que de nada adiantava. Havia um vazio dentro dela e o que conseguia ouvir era, o eco do seu coração que pulsava, lembrando-a que ainda continuava viva naquele mundo encantado.
As outras princesinhas haviam se recolhido, não procuravam-na como antigamente, ansiosas perguntavam aos sábios e doutores se o que acontecera ao marido Cinderela poderia contaminar seus príncipes????
Melhor era não se aproximar muito...
Cinderela não conhecia esse momento do País do Para Sempre...
Não havia conseguido gerar filhos até porque poderia perder o príncipe.
Havia um acordo tácito entre elas (princesas de contos de fadas) que não podiam perder aquele corpinho lépido e fagueiro que podia proporcionar saltos e pulinhos enquanto cantavam.
Mas gerar filhos significava crescer e abandonar a Terra Encantada onde os sonhos se tornavam realidade e ela de tão pobre que havia sido em sua infância e juventude tinha que conhecer todos os cantinhos dessa terra da fantasia.
Branca de Neve , a mais maternal ,havia pensado em transgredir o acordo mas, o clamor da mídia falou mais alto e ela exercitou sua maternagem com os sete anões mesmo...Bom para ela, afinal eles não cresceriam nunca e dependentes que eram ficariam subservientes àquela coisa do para sempre...
O que Cindy não contava era com sua viuvez...
Afinal o lema era “felizes para sempre” e agora...
Lá estava ela no quarto enorme do castelo, sem forças para continuar a história. Acreditara num mundo surreal, infinito e agora, chegava a um momento que ninguém falara. Até já ouvira conversas sobre a senhora Morte, mas como ela se aproximava e o que deixava como herança, era conversa proibida no mundo do Para Sempre...
A senhora Morte era para vilões nunca para príncipes e princesas boazinhas.
Por isso, que ao acordar nesses amargos dias, Cinderela procurava em vão o alívio que sentira quando do desaparecimento dessas personagens do mal e só o que sentia, era uma dor profunda em seu coração...
Ela estava sendo apresentada à um sentimento dolorido de nome saudade.
Seu castelo antes branco e dourado havia se tingido de cinza chumbo, não havia mais estrelinhas que brilhavam ressaltando as luminosas torres, agora pretas. Jogada em uma poltrona de seu quarto, Cindy olhava em volta e tudo parecia muito lúgubre e ela não tinha forças para sair.
As pessoas passavam por ela, quando saia, e lhe faziam agrados, presenteavam-na com mensagens de conforto mas ela sabia que de nada adiantava. Havia um vazio dentro dela e o que conseguia ouvir era, o eco do seu coração que pulsava, lembrando-a que ainda continuava viva naquele mundo encantado.
As outras princesinhas haviam se recolhido, não procuravam-na como antigamente, ansiosas perguntavam aos sábios e doutores se o que acontecera ao marido Cinderela poderia contaminar seus príncipes????
Melhor era não se aproximar muito...
Cinderela não conhecia esse momento do País do Para Sempre...
Quando o para sempre é nunca mais
Esse é um conto de fadas para adultos...
Um conto de fadas sem final e repleto de possibilidades.
Pensei sobre o ser Cinderela...
Como teria sido o final da vida dela até porque não existe para sempre nessa vida terrena.
Será que ela teria a companhia do seu príncipe até o para sempre???
E se ele morresse antes, o que restaria de sua vida de encantos.
Será que ela teria tido filhos e como teria sido ela e a adolescência deles ?
ELA SOZINHA E TENDO QUE REINICIAR VIDA
Penso que ela teria dado outra virada e se tornaria a monarca, a vida nos faz transformar e encontrar força onde antes só sentíamos fragilidades
Um conto de fadas com uma princesa em busca da sua vida, da sua identidade.
As postagens se sucederam entre o fictício do conto de fadas e o real das experiências vivenciadas pela dor da viuvez ou separação.
Espero que a cada postagem seja um exercício especial do conhecimento da resiliência diante do imutável.
Um conto de fadas sem final e repleto de possibilidades.
Pensei sobre o ser Cinderela...
Como teria sido o final da vida dela até porque não existe para sempre nessa vida terrena.
Será que ela teria a companhia do seu príncipe até o para sempre???
E se ele morresse antes, o que restaria de sua vida de encantos.
Será que ela teria tido filhos e como teria sido ela e a adolescência deles ?
ELA SOZINHA E TENDO QUE REINICIAR VIDA
Penso que ela teria dado outra virada e se tornaria a monarca, a vida nos faz transformar e encontrar força onde antes só sentíamos fragilidades
Um conto de fadas com uma princesa em busca da sua vida, da sua identidade.
As postagens se sucederam entre o fictício do conto de fadas e o real das experiências vivenciadas pela dor da viuvez ou separação.
Espero que a cada postagem seja um exercício especial do conhecimento da resiliência diante do imutável.
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